quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Meu Adeus

Afoguei-me no oceano gelado
Formado por minhas próprias lágrimas
Enquanto assistia ao desmoronar do meu mundo
Que lentamente sepultou minhas fantasias
A inocência interrompida estampada em meus olhos
Conta a história de um anjo que nunca pôde voar
Que ao tentar saltar em direção ao azul eterno
Teve as asas incendiadas até as cinzas tocarem o chão
Por toda a eternidade
O sol se põe no meu horizonte
E há muito tempo já não sinto mais
A chama da vida que uma vez queimou em mim
O sangue vertido do meu ventre esfaqueado
Profana a beleza do meu vestido cândido
E me faz escutar o choro enclausurado
Da criança que um dia me faria feliz
Enquanto assisto ao desmoronar
Dos meus castelos de cristal que apontavem para o céu
Deixo esvaecer meu último lamento
E ponho-me a caminhar em direção ao nada
Por toda a eternidade
Arrastei minhas pesadas correntes
E dos meus olhos escorreram dois negros filetes
Feitos do sangue que apodreceu em mim
Me recuso a viver cada dia que me resta
A muito tempo minha vida acabou
Creio que sofri além do que me foi determinado
É chegada a hora de dizer Adeus
Eu recuso cada dia que me resta
A muito tempo o meu templo desabou
Já não possuo quase nada que me possa ser tomado
E agora eu só posso dar-te meu Adeus

Autora:Eduarda Santos

Gelído

Solidão imaculada,que esconde meu eu.
Por vezes atormenta minha alma
Que estremece de tanto sofrer.
Mas sempre acabo por perceber,o bem necessário que me faz
em proteger-me de quem amo e fortalecer-me cada vez mais.
Silenciosa é a vossa melodia,que apenas alcança os ouvidos dos fortes
daqueles que são sozinhos...
talvez os únicos preparados para palavras tão frias.
Um coração insensível deve possuir deve possuir o solitário
Pois deve-se desprezar o amor e "amar" o desprezo.

Autor:Charles Dias

Memória débil

Esqueci de lutar,quando a morte pareceu ser certa.
Esqueci de reagir,quando a vida acordou meus instintos e revindicou "ação".
Esqueci meus sonhos,quando o primeiro deles se estilhaçou no muro da realidade.
Esqueci de amar,quando a desilusão naturalmente veio.
Esqueci de viver quando a vida se mostrou rígida demais em seus princípios
forçando-me a ser tudo que não era,
obrigando-me a fazer tudo que não queria.
Esqueci de mim por não mais me importar com nada.
Por não ver em lugar nenhum qualquer mera semelhança de mim com o mundo.
Acabei por esquecer do mundo,pois este estava vazio agora
e é tão facil esquecer-se de tudo quando não se é mais nada.

Autor:Charles Dias

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ao Solitário

Enquanto permaneço aqui,envolto em teus mantos obscurecidos de sombras
Onde refugio-me da mais clara dentre todas as luzes e da mais agradável dentre todas as companhias
Sinto-me em paz!
Sinto-me bem em estar só comigo mesmo e com ti,Oh adorável solidão
Quantas vezes me acolhestes em teus braços frios e delicados e me chamastes de filho.
Quantas vezes me guiastes pela mão e me mostrastes o caminho a ser seguido.
Quantas vezes recorremos um ao outro para enfim encontrar um mínimo de amor.

Oh,adorável solidão, por que me acolhestes para ser seu acompanhante eterno,seu doce amante,teu filho solitário?
Por que me privastes de sabores que tu não podes me dar?
Por que esse egoísmo desenfreado de ter-me só pra ti?
Amável solidão,não é condenavel vossa decisão,e para lhe ser fiel,não quero respostas para estas perguntas.
Apenas desejo a ti,pois o solitário que ama aquilo que mais o ama nunca está sozinho.

Autor:Charles Dias.

Linfa Rubra

Bebi...com algum tímido remorso reprimido
Pensando no arrependimento embutido,que viria com esse ato obsceno
mas que no ardor do momento fez-me esquecer
de todas as consequências lógicas que haviam por vir.

Bebi ciente dos danos,mais o prazer venceu facil a racionalidade
Entregando-me indefeso a um mar tempestuoso...
Onde,mergulhado em êxtase profundo,saciava toda minha sede
a minha e a do mundo,nesta linfa avermelhada que ainda continha um gosto estranho de ferrugem.

Prazeres conjuntos,cegos para toda moralidade existente
viam apenas em vermelho,e o vermelho ignorava tudo aquilo que a razão dizia
Dizia em voz frouxa e trêmula,um soar quase inaldível
Agora que a lâmina também atravessava minha pele.

Frenesi extático,dominador da mente e da mais sacra alma
canonizou-me em seu altar libidinoso,fazendo de mim teu sacerdote
Crente em teu poder milagroso em fazer-me esquecer de mim e de tudo que não fosse "o vermelho".

Autor:Charles Dias.

Instinto

Me imponho sobre ti
como um dragão mitologico que apanha sua caça
sem se importar com a desgraça,que causa a quem tudo assiste boquiaberto
com o terrivel espetáculo que sem dúvida parece uma miragem
a esses olhos que pouco vêem.

Faço minha vontade lei suprema
e impero sempre que desejo,desejar mais um desejo
uso-te como instrumento tosco e mal cuidado
para realizar minhas ações que já não cabem em minhas mãos
calejadas pelo tempo.

Como minha marionete eu lhe ordeno,que sente e fique calado
ou vá buscar de outro lado o que revindico no momento
pois é tudo precipitado ao ardor e impeto violento
que age como reflexo inato,mediante um simples movimento.

Escute o que digo pois sou superior a razão
precedo a sabedorei e sem mim o devir não aconteceria
tudo já teria acabado pois tudo nesse mundo é falho
menos minha voz que comanda os atos,de tudo o que age.

Prazer....é vosso instinto que vos fala.


Autor:Charles Dias.